By JOÃO SAMPAIO - Itaqui/RS

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

NA ESTRADA DEPOIS DA CHUVA...


O seu poncho chora chuvas
Pingando gotas no chão
E um verso de campo e mato
Arrulha no coração.

Se chama DAMÁSIO AGUASIL
Maestro em doma e esquila
Parente do quero-quero
Pois não dorme só cochila!

Pelegão de carnal pra riba
Por conta da chuvarada
E o pingo baio encerado
Se atravessando na estrada.

Na voz dos bichos do campo
Se ouve um cantochão tristonho
E no braseiro da sua alma
Se acende o lume de um sonho.

Pára a chuva de repente
Aponta no céu um sol de maio
E ele vai de poncho encharcado
Pesando na anca do baio.

No repechar da coxilha
Sua alma se enche de vida
Ao encontrar outro taura
Irmão de sonho e de lida.

Batendo estrivo com o sol
E os cavalos relinchando
Se vão dois vultos na estrada
E um deles vai assobiando.

Se separam léguas adiante
Enquanto a noite quieta cai
DAMÁSIO abana da porteira
"Munta" a cavalo e se vai...

SUA SILHUETA NA ESTRADA
COM CHEIRO DE MAÇANILHA
LEMBRA UMA ESTRELA GAVIONA
QUE SE APARTOU DA TROPILHA...
..................................................

* Tema de JOÃO SAMPAIO - Musicado por ÉRLON PÉRICLES e gravado por JEAN KIRCHOFF.
 

 " A amizade é o fio de ouro que liga o coração ao mundo."
JONH EVELYN.

domingo, 13 de novembro de 2011

PAISAGENS DE FIM DE TARDE


Surge na curva do rio
Como um ponto sombrio
Um caique e um pescador.
Quadro de rara beleza
Que a mão da mãe natureza
Pinta antes do sol se pôr...

No caique um corpo esguio
Com o pensamento vazio
Deslizando no Uruguai.
Respingado de esperanças
Vem cortando as águas mansas
Enquanto a tarde se esvai...

Moldurado por barrancas
Pairam claras nuvens brancas
Se refletindo na água
E esse pescador costeiro
Correntino ou missioneiro
Vem silvando na pirágua!

Olha o horizonte dourado
E vê que o rio no outro lado
Se embeleza ainda mais.
Os raios do sol vermelho
Fazem da água o espelho
Que se vê junto do cais...

Tendo de fundo o infinito
Que ainda deixa mais bonito
O sol por trás do horizonte.
Vai no remanso um cardume
E o vento traz o perfume
Que exala da flor do monte...

Se repete todo o dia
Quando chega a AVE-MARIA
E o sol empeça a se pôr
Esta cena campesina:
Entre o Brasil e a Argentina
Um barco e um pescador...
...........................................

* Tema de JOÃO SAMPAIO & MARCOS AQUINO gravado por JORGE GUEDES.

"O mundo cresceu mas o ser humano não acompanhou. Nós estamos vivendo a época da caverna, no príncipio do mundo, em matéria de gente. O homem está cada vez mais selvagem; cada vez mais animal, cada vez mais monstro. O que mais precisa para o homem se dar conta????" MANO LIMA.

QUANDO SE FOI MEU CAVALO


Me "alembro" daquele dia
Em que te achei abichado
Potrilho fogoso e lindo
Gavião e casco rachado
Co'a cola só no sabugo
Pitoqueada pelo gado.

Depois nos bolichos de campanha
(Templos de barro e taquara)
Solito chapéu tapeado
Nesse zaina-malacara
Parecia que se apeava
O finado CHE GUEVARA!

Antes morresse de raio
De rodada ou garrotilho
Ou que planchasse correndo
Comigo sobre o lombilho
Ou então escramuçando
Como se fosse um potrilho!

Quando se foi meu cavalo
Se sumindo no sem-fim
Ficou um relincho timbrado
Por entre o céu e o capim
E m'ia alma comeu mio-mio
Pastando dentro de mim...

Coisa triste meu parceiro
O cimbronaço desse pealo
E pra embretar o silêncio
Que me sobrou de regalo
Até acordado eu escuto
O relincho do meu cavalo!!!

Não tenhas pena parceiro
Vendo a minha alma que chora
Guardei aquele relincho
No tinido das esporas
Pois eu já tive um cavalo
E pra sempre ele foi embora!!!!!!

Por isso quando abro o peito
Neste ofício sacrossanto
Bufa o silencio maneado
Que pasta a soga do pranto
E há um relincho de bagual
Em tudo aquilo que eu canto!!!!!!!!!!

GUERREIRO....GUERREIRO
QUANO ESCUTAVA UM CLARIM
SE APARTAVA DA MANADA
E SE APRESENTAVA PRA MIM
JÁ TIVE MUITOS CAVALOS
MAS NENHUM AMIGO ASSIM!!!!!!!!!

*Tema de JOÃO SAMPAIO & ELTON SALDANHA gravado por MANO LIMA.

"Todos os paises são dificeis de governar. Só o BRASIL é impossível!" MILLÔR FERNADES.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CANÇÃO PARA NINAR...

...O SONHO DE UM GURI PESCADOR!


 A tadrde se estende calma
Como um trinar de ZORZAL
Vai nela um homem e um barco
Por entre o camalotal...

Um piá vai aprendendo
Magias de água e areia
Atirando iscas no rio
Ouvindo coplas alheias!

No rancho ficou sua mãe
Tricotando a solidão
Tecendo com um fio de voz
A teia deuma canção.

Todo o dia o guri sonha
Entre as águase o espinhel
Brincando na correnteza
Com um caique de papel.

A noite emponcha tristezas
A lua surge bem lá
Se espelhando nos remansos
Das águas do Paraná...

A mãe canta bem baixinho
Numa voz que tudo atrai
E ele se enxerga no sonho
Pescador igual o pai:

DORME MEU GURI COSTEIRO
DORME E SONHA MEU AMOR
O RIO CORRE MAS ESPERA
TEU ANZOL DE PESCADOR!!!

DORME MEU GURI COSTEIRO
DORME E SONHA MEU AMOR
UM DIA SERÁS IGUAL
AO TEU PAI...UM PESCADOR...
...............................................

* Tema de canção costeira de JOÃO SAMPAIO & DIEGO MULLER - musicado e gravado por VALDOMIRO MAICÁ.

 "Os homens de bem não constroem impérios apenas fornecem a argamassa."
MILLÔR FERNANDES.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

BRASINO PÊLO DE TIGRE






Tenho um perro cimarrón
Dos que peleia de pé
Brasino pêlo de tigre
Chamado de Bororé!

Maleva desde novinho
Se criou flor de campeiro
Com ele não tem de alçado
Que não venha pro saleiro!

Quando pega algum gavião
Se é grande deixa retaco
É o meu amadrinhador
Caso eu encilhe um velhaco!

Na zebuzada de cria
Só vendo esse companheiro
Enche a vaca de gambeta
Enquanto eu curo o terneiro!

Certa feita me salvou
Numa caçada campeira
Nem bem eu entrei no mato
Se atracou numa cruzeira!

Às vezes só no borralho
Parece que vai falar
Ganiça um recuerdo antigo
Com uma tristeza no olhar!

Quando me dá na veneta
Eu saio sem rumo certo
E caso vá nalgum bochincho
Meu Bororé só de esperto
Deita embaixo do meu mouro
E nem o Diabo chega perto!

Se ele também fosse peão
Taureando o destino ingrato
Defendia o seu puchero
E ganhava por três ou quatro!

Pois tem campeiro do povo
De pilcha nova e guaiaca
Bobo igual terneiro novo
Que acompanha trem por vaca!

No açude em frente da estância
Parece um quadro de outrora
Nadando bem na flor d’água
Com o fio do lombo de fora!

Quantas vezes arrisca a vida
Pra não me deixar solito
Um touro brabo no laço
Ele rasga a dente o maldito!

Reculuta nos vizinhos
Com garbo de antigamente
Parece um guerreiro gaucho
Marchando de sangue quente!

Não dispara de estampido
Chamigo de alma e fé
Brasino pêlo de tigre
Chamado de Bororé!

Nos dias de gineteada
Com um maula que corcoveia
Caso ele ameace ir na cerca
Sai pegando “nas oreia”
E já salta no meu costado
Se “rebentá” uma peleia!

*Tema de João Sampaio.

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"Fique frio - pra cada sonho que não se realiza há um pesadelo que também não."
MILLÔR FERNANDES.